Nós passaremos pela porta ...
Nós vemos, ouvimos tudo o que acontece no Planeta, mas nós sentimos? Não. É nossa culpa? Claro que não.
Eu ou você não estamos preocupados, ou tristes, por exemplo, com o que aconteceu no Japão? Ou no Rio de Janeiro há alguns meses? Claro que sim. Mas o que podemos fazer além de pensar no tema? Nada. Fala sério. Você pode fazer alguma coisa contra o descaso? Não. Pediram para doar dinheiro para o Japão. Por quê? As seguradoras, vão pagar mais de US$ 4 bilhões aos Japoneses. Será que se eu ou você doarmos alguma coisa isto fará diferença? Nenhuma. A grande maioria do povo do primeiro mundo tem Seguro de vários tipos, espécie e valores. Nós brasileiros, assalariados, seguro para a grande maioria, é quando você está dentro de casa: - seguro.
Mas por que eu vou doar? Para me sentir menos culpado? Mas culpado de quê? Do terremoto? Eu não posso sentir-me culpado; nem você, nem ninguém. Tristes? Claro! E é este compadecimento, este sentimento de piedade, é que nos retira da realidade. Em um País como o Brasil onde você trabalha mais ou menos 5 meses para pagar impostos, isto é cruel. Nós brasileiros vivemos fora do alcance do que é saber sermos fraternos, e ainda assim, o somos. Se existe algum povo que atravessaria "a nado" o Pacífico para ir até o Japão, estes somos nós, os brasileiros.
Isto tem um pouco da síndrome de Rei, ou de Rainha. Pobres de nós, que fazemos cotação de mercado em mercado, ou de comercial em comercial para comprarmos alimentos mais baratos, ou aceitamos tomar medicamento para o sistema circulatório, de graça, ou por alguns poucos Reais.
Nós aqui estamos vivendo uma situação que nos desagrega do resto do mundo. E por sua vez, o resto
do mundo, em cada um dos seus Países, vive uma situação semelhante; interrompido em suas ações por “n” razões, das mais plausíveis, até as mais aparentemente frívolas, nos “apartamos”, nos desviamos da iminente virada que o Planeta, e de resto toda a humanidade passa. E o sentimento que temos é, apesar de estarmos em uma multidão, é aquele que parece nos dizer que não somos ninguém; e se não somos, pouco podemos fazer. E de fato é assim que agimos, por que somos, o que pensamos ser.
A humanidade já combateu muito, já lutou demais, e chegamos ao mesmo lugar: - somos infantis ainda. Não conseguimos vislumbrar o mais distante, o mais além, então, estamos todos de forma ou outra, atormentados pelo dia-a-dia do Planeta e das coisas que estão acontecendo. Mal damos bom dia ao nosso vizinho e queremos sair correndo para salvar o Japão.
No trânsito, parecemos um conjunto de loucos, insanos; os filmes, os jogos, as novelas, mostram aquilo que a grande maioria de gosta: - violência, sacanagem, patifaria, sexo. Essa parece ser a nossa luta, mas não é; a humanidade vai ter que evoluir, a um nível de consciência, onde a noção do conceito de CONVIVER é mais do que, estabelecer relações para através do caráter e do expediente ordinário e libertino do ser humano adulto atualmente e do ponto de vista fisológico, compreender que somente pela relação de AMOR, é que poderemos suprimir todos estes problemas.
Do lado de lá, na idade adulta mental e da consciência evoluída pelo caráter do "eu me importo" da humanidade, existe um lugar muito cômodo, bastante adequado, completamente diferente de tudo isto que vemos hoje.
Mas a porta é estreita, e é reduzida, por que nós mesmos a fazemos assim. Nem todos poderão estar lá, a caminho da maturidade da espécie humana. Muitos ficarão, por que precisam aprender mais e mais. Os que ficarem, estarão vendo seus irmãos passarem por esta porta, por que compreenderam que fraternidade vai além de mandar dinheiro, pão, vinho ou circo, e que viver em comum, não é apenas dentro de nossas casas, mas é saber que nos importarmos com o resto do mundo, de uma forma mais solidária, que é a de saber ouvir os conflitos afetivos que impedem ou afetam o equilíbrio de cada um, e se formos convocados, ajudarmos, apenas...ouvindo, já será um alento.
Muitos de nós querem apenas o seu ouvido, a sua atenção.
Está chegando a hora de soltar no chão a espada; baixar o escudo; mas este, é o momento que o inimigo mais gosta... Quando nos tornamos anjos. Mas nós passaremos pela porta.